Núcleo Criativo Dramaturgia no Cinema
A Refeição
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SOBRE A PRODUÇÃO

Newton Moreno fala dos extremos nas relações humanas

Um casal (Marat Descartes e Luah Guimarães), no auge do desejo, ultrapassa os limites. Ele morde e engole o dedo daquela que é sua mulher há seis anos. Baixa a luz. Um executivo (Marat) só encontra prazer ao se relacionar com mendigos. Quanto mais imundos, melhor. Baixa a luz. Em uma aldeia indígena, um antropólogo (Marat) convence o sobrevivente de uma tribo (Plínio Soares) a gravar depoimento para perpetuar a língua de seu povo. A partir de três histórias, Newton Moreno criou A Refeição, que ganha a direção segura de Denise Weinberg para abordar os extremos a que chegaram as relações humanas. O espetáculo estréia em São Paulo no sábado 7 depois de impressionar no Festival de Curitiba.

Não é segredo que Moreno hipnotiza com a simplicidade. Agreste é o exemplo no teatro recente de que, se a palavra tem força, basta colocá-la na boca de um grande ator para que o espetáculo se garanta. E Denise Weinberg, grande atriz que é, valoriza cada uma das intenções de Moreno. Cenário quase inexistente, luz na medida certa e a aposta explícita em Marat Descartes, um dos melhores atores de sua geração. Como o executivo reprimido da segunda e melhor história, Marat dá uma dimensão humana rara ao personagem, quase tão forte quanto sua caracterização para Primeiro Amor, que lhe valeu o recente prêmio Shell de ator e foi um dos outros poucos espetáculos a tirar o Festival de Curitiba 2007 do marasmo. Lobo do homem